O assunto de hoje é espinhoso: pagamento de salário.
Digo que o assunto é delicado pelo fato de tocar em algumas concepções sobre o que significa um bom pagamento, especialmente no âmbito das expectativas versus a realidade de boa parte dos trabalhadores do comércio de Euclides da Cunha, Bahia, em especial, na sede, e incluir um julgamento sobre a capacidade de o empreendedor/comercial reconhecer o que é/seria uma contrapartida salarial justa.
O assunto deriva, também, da manifestação de seguidores do site euclidesdacunha.com nas redes sociais Instagram e Facebook, que reclama do valor mensal recebido como recompensa pelos serviços prestados e a negação dos direitos trabalhistas, conforme a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Compreenda o termo pagamento a associação direta e indireta entre as aspectos financeiras e direitos vinculados na relação do trabalho.
Entendo que pagar bem, financeiramente, a um funcionário significa remunerá-lo de uma maneira justa e adequada pelo trabalho que ele realiza em uma organização. Isso envolve fornecer um salário ou pacote de remuneração que seja competitivo em relação ao mercado e que leve em consideração a qualificação, experiência, responsabilidades e desempenho do funcionário. Mas aqui já mora uma questão: o salário de mercado precisa levar em consideração o tamanho do empreendimento, por exemplo, não é possível esperar que uma empresa de pequeno porque pague um salário de um auxiliar administrativo tanto quanto se paga em uma empresa de grande porte. Aqui fica em xeque a proporcionalidade, mas isso não é o suficiente como justificativa, pois o que de fato conta são as competências deste colaborador.
Outrossim, pagar bem não se limita apenas ao salário base, mas também pode incluir benefícios como plano de saúde, planos de aposentadoria, bônus, participação nos lucros, entre outros benefícios citados na CLT.
Por questões legais, não posso me aprofundar sobre a reclamação de muitos trabalhadores euclidenses, que é o fato de receberem menos que o mínimo permitido por lei. É possível que sejam casos específicos, e por isso não posso considerar como um problema generalizado do comércio euclidense. Além disso, há os locais certos na estrutura do judiciário brasileiro, a exemplo da Justiça do Trabalho, para avaliar caso a caso, quando provocada pela parte reclamante.
Esclarecido isso, posso levar uma provocação:
- O salário mínimo, que é pago à maioria das funções do setor comercial/privado é o suficiente para que os funcionários se mantenham dedicados para oferecer o seu melhor à sua empresa?
- O que o funcionário entrega de resultado é compatível com sua proposta de trabalho e remuneração?
O que sei é que muitos funcionários acham injusto o valor mensal como recompensa do trabalho ao tempo em que olham para seus padrões e notam uma diferença de vida bem ímpar.
A remuneração adequada é importante para atrair e reter talentos, motivar os funcionários a desempenharem bem suas funções e manter um ambiente de trabalho produtivo e satisfatório. Isto é, quando os funcionários são pagos de forma justa, eles tendem a estar mais satisfeitos, comprometidos e engajados em suas atividades, o que pode levar a um melhor desempenho e a um ambiente de trabalho mais harmonioso. Mas, será que os empresários/comerciantes sabem quantificar o que é justo para determinado funcionário? Até aqui, o mais comum é pagar o “mínimo do mínimo”.
Uma coisa precisa ficar clara: “Pagar” bem ao funcionário não se refere apenas ao salário, mas também aos benefícios e direitos trabalhistas que fazem parte do pacote de compensação total oferecido por um empregador. Inclusive, um funcionário regularizado custa menos à empresa ao final de qualquer contrato/acordo informal.
Entendo que o funcionário bem “pago” consegue entregar melhores resultados, especialmente quando recebem bônus resultantes da sua contribuição, do seu diferencial entre os demais na empresa – até mesmo quando ele é apenas um funcionário.
Mas o que fazer com o funcionário que não entrega o resultado compatível com sua proposta de trabalho e remuneração?
Primeiro, verifique se seu funcionário possui as habilidades necessárias para exercer a função ofertada. Se necessário, treine-o adequadamente.
Verifique se seu funcionário consegue desenvolver suas potencialidades a partir do que foi proposto.
O outro lado: O funcionário entrega o resultado compatível com sua proposta de trabalho, mas não é bem pago. O que fazer? Comunicação é o ponto de partida, pois é possível que o empregador não tenha a sensibilidade para notar essa correlação da proporcionalidade do salário com a função exercida.