Lembro quando comecei a estudar há quase 2 décadas, em meados de 2003, os primeiros conceitos de cibercultura e não tinha a mínima noção dos avanços que aconteceriam anos depois. Sobretudo, quando lia alguns artigos, que diziam que um dia alguém influenciaria as minhas opiniões. Eu achava tudo isso uma grande loucura e estava completamente enganado.
As redes sociais atualmente não só encurtaram distâncias, mas também aumentaram a socialização entre as pessoas, trouxeram as empresas para o nosso dia a dia e notícias em tempo real, direcionam opiniões políticas, decisões de compra, o lugar para onde vamos viajar no verão, o médico e o advogado que serão contratados e o que comeremos no domingo. Foram muitos benefícios e transformações, principalmente para nós profissionais de comunicação. Tivemos que aprender e nos reinventar. Mas como isso impactou também as demais profissões e alguns temas mais sensíveis?
Estar nas redes parece que se tornou uma espécie de validação, além da experiência e dos títulos acadêmicos que muitas pessoas já possuem. O que, na minha minha opinião, é um erro. Existem muitos profissionais gabaritados que ainda não estão por aqui ou estão se inserindo timidamente. Isso não é um problema ou os coloca como incompetentes se compararmos a outros que já fazem parte desse contexto. Tudo será a forma de como essas possibilidades serão exploradas.
Trago nesse texto alguns pontos de reflexão importantes:
– O primeiro é que ter presença on-line, desde que você seja um profissional capacitado e validado, só irá expandir seus horizontes e potencializar para fora da sua bolha atual o seu trabalho de excelência. Não há nenhum mal nisso. Pelo contrário;
– O segundo ponto, abordando do ponto de vista de consumo, é que nós, como potenciais clientes, não devemos contratar alguém que encontramos nas redes apenas pela popularidade. É claro que muitos seguidores e likes são indicadores de sucesso. Mas nem sempre são e isso é crucial para tomada de decisão. Devemos aprofundar a pesquisa sobre esse profissional/empresa antes de decidir. Frequentemente tenho visto nos noticiários pessoas que foram enganadas e até prejudicaram a saúde por contratarem médicos apenas pela popularidade. Isso é grave;
– O terceiro e último ponto, é até onde vai a responsabilidade das agências de propaganda, publicitários e profissionais de marketing, em dar voz, notoriedade e visibilidade para pessoas/empresas que tem qualidade duvidosa ou não tem expertise para fazer o que fazem. Muitas pessoas e negócios são diariamente prejudicados por conta de situações como essa.
Constantemente me perguntam porquê sou extremamente combativo ao chamado “Marketing da vaidade”. Eu respondo sempre que o meu trabalho não é compactuar e impulsionar marcas ou projetos que não são de verdade e vão prejudicar a sociedade. Como comunicador, eu acredito que um bom trabalho de Marketing somado a excelência de alguns profissionais e empresas, é o caminho para um mercado mais sólido e sério.
Autoria; João Paulo Braga
Publicitário, Diretor Executivo e Estrategista na JPB Comunicação